As lendas contribuíram bastante para a Literatura Brasileira, já que muitos de nossos romances foram escritos com base em algumas lendas típicas de nossa cultura. Podemos citar, por exemplo, romances de José de Alencar como Iracema, O guarani; de Mário de Andrade, como Macunaíma.
MACHADO, Irene. Literatura e redação. São Paulo: Editora Scipione, 1994, p. 105-106.
A LENDA DA VITÓRIA RÉGIA
A enorme folha boiava nas águas do rio. Era tão grande que, se quisesse, o curumim que a contemplava poderia fazer dela um barco. Ele era miudinho, nascera numa noite de grande temporal. A primeira luz que seus pequeninos olhos contemplaram foi o clarão azul de um forte raio, aquele que derrubara a grande seringueira, cujo tronco dilacerado até hoje ainda lá estava. “Se alguém deve cortá-Ia, então será meu filho, que nasceu hoje”, falou o cacique ao vê-la tombada depois da procela. “Ele será forte e veloz como o raio e, como este, ele deverá cortá-Ia para fazer o ubá com que Iutará e vencerá a torrente dos grandes rios... " Talvez, por isso, aquele curumim tão pequenino já se sentisse tão corajoso e capaz de enfrentar, sozinho, os perigos da selva amazônica. Ele caminhava horas, ao léu, cortando cipós, caçando pequenos mamíferos e aves; porém, até hoje, nos seus sete anos, ainda não enfrentara a torrente do grande rio, que agora contemplava. Observando bem aquelas grandes folhas, imaginou navegar sobre uma delas, e não perdeu tempo. Pisou com muito cuidado – os índios são sempre muito cautelosos – e, sentindo que ela suportava o seu peso, sentou-se devagar, e, com as mãozinhas improvisou um remo. Desceu rio abaixo. É verdade que a correnteza favorecia, mas, contudo, por duas vezes quase caiu. Nem por isso se intimidou. Navegou no seu barco vegetal até chegar a uma pequena enseada onde avistou a mãe e outras índias que, ao sol, acariciavam os curumins quase recém-nascidos embalando-os com suas canções, que falam da lua, da mãe d’água do sol e de certas forças naturais que muito temem. Saltando em terra, correu para junto da mãe, muito feliz com a façanha que praticara: – Mãe, tenho o barco. Já posso pescar no grande rio?– Um barco? Mas aquilo é apenas um uapê; é uma formosa índia que Tupã transformou em planta.– Como, Mãe? Então não é o meu barco? Você sempre me disse que eu um dia haveria de ter meu ubá...– Meu filho, o teu barco, tu o farás; este é apenas uma folha. É Naia, que se apaixonou pela lua...– Quem é Naia? – perguntou curioso o indiozinho.– Vou contar-te... Um dia, uma formosa índia, chamadaNaia, apaixonou-se pela lua. Sentia-se atraída por ela e, como quisesse alcançá-la, correu, correu, por vales e montanhas atrás dela. Porém, quanto mais corriam, mais longe e alta ela ficava. Desistiu de alcançá-la e voltou para a taba. “A lua aparecia e fugia sempre, e Naia cada vez mais a desejava.” “Uma noite, andando pelas matas ao clarão do luar, Naia se aproximou de um lago e viu, nele refletida, a imagem da lua.”Sentiu-se feliz; julgou poder agora alcançá-la e, atirando-se nas águas calmas do lago, afundou. “Nunca mais ninguém a viu, mas Tupã, com pena dela, transformou-a nesta linda planta, que floresce em todas as luas. Entretanto uapê só abre suas pétalas à noite, para poder abraçar a Iua, que se vem refletir na sua aveludada corola. “– Vês? Não queiras, pois, tomá-la para teu barco. Nela irás, por certo, para o fundo das águas.”“Meu filho, se te sentes bastante forte, toma o machadoe vai cortar aquele tronco que foi vencido pelo raio. Ele é teu desde que nasceste. Dele farás o teu ubá, então, navegarás sem perigo. “Deixa em paz a grande flor das águas...”Eis aí, como nasceu da imaginação fértil e criadora de nossosíndios, a história da vitória-régia, ou uapê,ou iapunaqueuapê, a maior flor do mundo.
Conta a lenda que, antigamente, morava em um vilarejo um menino muito guloso. Tudo que via, queria comer, e a gula era tanta, a pressa de comer era tamanha, que ele tinha costume de engolir a comida sem mastigá-la.Uma vez sua mãe encontrou frutos de batoí e assou-os na cinza. O filho, sem querer esperar, comeu todos os frutos, tirando- os diretamente do fogo e, como sempre, engoliu-os sem pestanejar.Os frutos do batoí são frutos cuja polpa viscosa se mantém quentíssima por muito tempo. Comendo-os tão quentes, sapecaram-lhe a garganta, de forma que doía muito e queimavam-lhe o estômago.O menino, tentando vomitar os frutos comidos, começou a fazer força para expulsá-los. Arranhava a garganta grunhindo crá-crá-crá! Mas os frutos não saíam... e entalaram na garganta, sufocando-o.No mesmo momento, cresceram-lhe as asas e as penas e ele tornou-se um papagaio. Voou pra longe.Até hoje se pode ouvi-lo vagando pelas matas do lugar, voando e gritando “crá-crá-crá”!
legal
ResponderExcluirmas qual o significado da palavra "batoí"? sei q é de origem tupi-guarani, mas qual o seu significado?
ResponderExcluiroi,eu faço o projeto ler e escrever e tem essa lenda.nós temos que fazer um filme de 1 minuto com a lenda do papagaio crá crá,só que não sabemos o significado da palavra frutos de batoí.eu sei que sao frutos antigos,mais se der coloque foto ou o significado para sabermos o que é isso.obrigado
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