George Yúdice é professor da University of Miami. Foi professor do Programa de estudos americanos e de literaturas e línguas espanhola e portuguesa na Universidade de Nova Iorque, e atuou como diretor do Centro de Estudos Latino-americanos e do Caribe. Autor de, dentre outros títulos, A conveniência da cultura: usos da cultura na era global - livro lançado pela UFMG em 2005 e que já vendeu 5 mil exemplares -, ele acha que "o intelectual hoje é uma pessoa que intervém".
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Acerca da vendagem deste livro, ele diz em entrevista para a ensaísta Heloísa Buarque de Hollanda: "Acho que esse sucesso é porque ele extrapola o universo acadêmico. Pessoas que estão mexendo em gestão cultural, multicultural estão comprando. Pessoas de estudos culturais compram, mas outras pessoas de arte, também".
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Na semana passada, Yudice participou - no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ - de uma mesa-redonda da qual fizeram parte o prof. uruguaio Abril Trigo e a Profa. carioca Beatriz Resende (UNIRIO/UFRJ). A mesa discutiu sobre os desdobramentos do Estudos Culturais Latino-Americanos. A seguir, transcrevo algumas das idéias do professor acerca da arte e da cultura contemporâneas, num tempo no qual os vínculos entre economia, sociedade e cultura parecem cada vez mais fortalecidos.
4 takes para os alunos que não assistiram ao evento:
1 - Yudice iniciou a sua comunicação ressaltando a importância dos professores e pesquisadores atentarmos para os jovens. Segundo ele, os jovens alunos devem ser inseridos "libidinosamente", já que, na sua opinião, "as mudanças culturais não estão realcionadas apenas com a cultura". Essas mudanças têm a ver com a escola e com as políticas educacionais, pois no atual contexto a cultura é lida como "prática material" (Abril Trigo).
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2 - Segundo Yudice, a maioria dos professores não conhecem (nem se interessam) pelas práticas culturais dos jovens contemporâneos: video-games, yotube, blogs, chats, MP-3, músicas no pc... Isso dificulta a interação entre mestres e alunos. Inseridos na atual "cultura do acesso", esses jovens sentem-se desinteressados com o modelo proposto pela escola .
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3 - Atentando para a importância dos suportes materias e dos produtos midiáticos na cultura, o ensaísta ressaltou "os lugares de socialização da internet". Falou das possibilidades de movimentos culturais e econômicos a partir dessas redes. Ressaltou pesquisas voltadas para a programação cultural na TV destacando, como exemplo, as relações inusitadas entre os desafios propostos pelos reality shows e a tragédia grega. O prof. citou Antígona, de Sófocles, como exemplo de um dos textos clássicos a partir dos quais é possível traçar relações entre a "experiência pessoal como encenação" e como produto comercial e o roteiro experimental dos personagens trágicos.
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4 - Yudice resgatou a leitura que Walter Benjamin faz do flaneur e do seu trânsito no espaço urbano no século XX para tecer relações com o atual contexto digital e midiático, onde novas tecnologias proporcionam o surgimento de outras sensibilidades. Segundo ele, a expressão dessas sensibilidades exigem outros modos de percepção, outros meios de interação, assim como as formas perceptivas que o pensador alemão conseguiu captar nas primerias décadas do século XX, através do cinema e da arquitetura.
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